segunda-feira, março 16

plantas aquáticas


tudo muito rápido! deixei pessoas queridas sem um abraço, o apartamento vazio sem aquela última olhadinha antes de fechar a porta - aquela, acompanhada de um suspiro e de muitos sentimentos.


mudar de apartamento ou cidade nunca foi problema pra mim. eu tinha um bom de um mecanismo de desapego instantâneo, algo como um botão na minha cabeça que, uma vez apertado, me fazia sentir que aquelas coisas e pessoas já eram um passado muito distante, que eu já havia sofrido a perda e superado.. mesmo que ainda estivesse no ônibus.

fácil assim.


nunca foi tão dolorido ir embora, mas não sei bem se realmente valeu mais a pena ou se não tem mais botão nenhum. ou se eu simplesmente não quis apertá-lo, dessa vez.


segunda-feira, março 2

gente, passou mais de um ano. só me dei conta disso agora, abrindo essa janelinha novamente. entendi. o episódio fura-olho me cegou mesmo.

essa é a primeira noite em muito, muito tempo, que eu vejo o dia clarear sem ter botado o nariz pra fora de casa. do quarto, na verdade. só o fato de eu sentir necessidade de escrever já denota um pouco de desespero, aquele desespero solo, que não tem mãe, namorado, cigarro ou plástico-bolha que consiga aliviar.
ficando acordada, consegui enxergar as coisas (que não deveriam ter sido) esquecidas em nome de um sono tranquilo. sinto a visão voltando aos poucos.

estou sozinha, desperta, eu consigo ver.

já posso encaixotar minhas coisas.